Neste ano, ao olharmos para o presépio, somos convidados a mergulhar no mistério da Encarnação. Um Deus que se faz homem, que escolhe a humildade de uma gruta para nascer. Como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC 456-460), a Encarnação é o evento central da fé cristã, onde Deus assume a natureza humana para nos salvar. Ali, no frio da noite, uma luz brilhou, aquecendo não apenas aquele lugar, mas os corações daqueles que se aproximaram. Maria, com seu olhar terno, embala o Menino Deus, o Filho do Altíssimo (Lucas 1,32). José, silencioso e protetor, vela pela Sagrada Família, cumprindo o papel que lhe foi confiado por Deus (Mateus 1,20-24). Um cenário simples, mas carregado de significado, que nos remete à profecia de Isaías: “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.” (Isaías 9,6). 

O presépio nos ensina que o verdadeiro lar não se encontra em palácios de ouro, mas nos corações que se abrem para acolher o amor. Maria e José, com seus corações puros e generosos, transformaram aquela humilde gruta no mais digno palácio para o Salvador. Como nos recorda o CIC 2562, “A oração cristã é uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do homem; brota do Espírito Santo e de nós, dirigida inteiramente ao Pai, em união com a vontade humana do Filho de Deus feito homem.” Que possamos seguir o exemplo deles, preparando nossos corações para a chegada de Jesus, alicerçando-os na fé, na esperança e, acima de tudo, no amor, conforme nos ensina São Paulo em 1 Coríntios 13,13: “Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. Destes três, porém, o maior é o amor.”   

A chegada dos pastores à manjedoura nos traz outra importante lição. Homens simples, trabalhadores do campo, foram os primeiros a receber a notícia do nascimento do Messias, conforme narrado em Lucas 2, 8-20. Deixaram seus afazeres e, com alegria, correram para adorar o Menino. Não precisaram de grandes discursos ou provas científicas. O simples olhar para Jesus nos braços de Maria foi suficiente para reconhecer a verdade. Sua atitude ecoa o chamado à humildade e à simplicidade que Jesus mesmo pregou (Mateus 11,29).

Em nosso mundo, tantas vezes nos perdemos em busca de respostas em lugares errados. Mergulhamos em opiniões, tendências e filosofias que nos afastam do essencial. O presépio nos recorda que a verdade não é uma ideia abstrata, mas uma pessoa: Jesus Cristo. Ele é o caminho, a verdade e a vida, como Ele mesmo afirma em João 14,6. Ele veio para nos mostrar o verdadeiro sentido da existência, para nos dar a paz que o mundo não pode oferecer, a paz que excede todo entendimento (Filipenses 4,7).

Neste Natal, diante do presépio, façamos um exame de consciência. Como temos preparado nossos corações para acolher Jesus? Temos buscado a verdade em meio às turbulências do mundo? Que a simplicidade da manjedoura nos inspire a cultivar a humildade, a fé e o amor, valores que verdadeiramente importam e que nos aproximam de Deus. Que a luz que brilhou em Belém ilumine nossos caminhos e nos conduza à verdadeira paz, a paz que só Cristo pode dar.